Parte II [Poema dos céus noturnos]*
Talvez uma noite eu olhe o infinito do universo solitário
E sinta na pele o frio morno do calor das estrelas dispersas na imensidão.
Então ficarei reconfortado por saber que tu estás algures entre elas
Assim, não estarei só, apenas sentado numa rocha disforme e cinzenta
Tendo também por companhia a areia negra em meu redor
E a sua côr triste, que nessa noite sem luar e sem núvens, não destoará
Do meu manto, a espalhar-se sobre ela,
Como que partilhando um único sentimento de dor [e amor]
Aturdido e dominado por aquela luz difusa e esquiva
Que afinal é tão igual ao teu amor por mim:
Me abraça a medo e me mantém na esperança
Que me leva a ficar para sempre naquele local misterioso no tempo.
E assim será, ainda que [e sobretudo quando] o vento cósmico
Me trespasse com milhões de pequenos grãos de poeira abrasiva
Que me espiam por dentro, sem piedade,
E procuram, à traição, um buraco negro para me subjugar [e matar].
Mas não desistirei... E continuarei por ali, só por ti...
Como um fiel cavaleiro medieval em busca da sua dama.
* Sobretudo para os leitores de Portugal.
There will be a translation for English speakers.